domingo, 27 de setembro de 2009

Passado. Presente. Futuro? Obviamente!



Andava ao sabor do vento. Dia após dia num virar de folhas constante suspenso no calendário. Permitia que o destino me desse a mão, e me levasse por becos, travessas, ruas de calçada, numa fuga clara e apresada do direito ao livre arbítrio. Mesmo assim não me mostrava preocupada, e deixava-me ir, embalada pela falta de poder escolha. E o tempo, sempre o mesmo apressado, continuava a roubar eternidade ao momento. O compasso marcava um tic tac no bater do coração, que pedia, exigia a liberdade, para la da respiração, para la da humidade que transborda dos meus olhos na despedida, para la do verdadeiro sentido da nossa canção. E mantinha a linha que nos separava suspensa, diminuía a distancia a cada flash da retina ocular, em pequenos focos de imagem, em pequenos cruzamentos de viragem que nunca sabia onde iam dar. Nunca sabia onde me iam levar, e no entanto viajava neles,e sem sequer me queixar deixava o barco velejar de velas soltas, pela brisa que não fustigava, mas mesmo assim me fazia avançar. Mas o vento já não sopra norte e agora que o barco atracou no cais, saiu e vou pelo meu pé, ante pé, de algodão, para não interromper o sussurrar da asa que paira agora livre, dourada, numa linha que o por-do-sol traçou. E as noticias correm agora soltas pelas bocas, afia a língua a inveja, que mesmo não tendo os anos vincados na pele, acha-se no direito de por nas alheias vidas pozinhos de canela. Mas o que não me toca passa-me ao lado, e os meus pés Finalmente caminham sem medos, sem consciências ou moralismos, sem o resto do meu corpo notar o mapa das estradas por que caminho. E Sigo agora outra direcção, uma que descobri quando menos procurei. Sigo agora para o sitio onde tudo nasce vindouro, onde o próprio paraíso fica aquém, onde a ilusão não faz sombra á realidade, e as palavras não são um turbilhão, são certezas, são vontades, são prioridades nas horas em que o corpo chama pelo que trago comigo ao coração. São loucuras vibrantes que se desprendem da razão, contrariam a gravidade, e sobem rumo ao céu, opaco e distante, mas agora tão ao alcance da minha mão(...)
"E dizes que sou a estrela que te guia, mas foste tu que me deste o céu para brilhar."

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Deixa arder...

- Dedicado a ti, Kiko:

Cesso por fim as hostilidades contra o meu coração.
Deixo-me sequestrar pela vontade de me entregar.
E declaro fim ao desperdício desnecessário das forças de lutar contra o que esta a acontecer. E apesar de ser tudo tão prematuro, o que ainda me confunde é a constante maneira de como as coisas mudam, a constante rotação da realidade, numa aproximação á imaginação, que se torna cada vez mais verdade.
Que se torna cada vez mais em tentação, no céu onde me deixas brilhar, Distante.
Mas se batemos a tantas (erradas) portas, o que importa agora o que és para mim ou o que sou para ti. O que importa o que o tempo nos faça e no que a sucessão de dias sem freio, na corrida pela vida, nos torne.
A partir de hoje Saberás sempre que sou o teu porto seguro, que quando estiveres cansado do frenesim que é viver no mundo em redor de nós, será no meu peito que encontras a tua paz. Porque nos meus braços estas seguro, alheio a tudo, na margem da vida do grande tabuleiro de xadrez. Sem importar mais o que possa suceder.
E se souberes tão bem como eu que o essencial foi feito, então é por lenha na fogueira...

E deixar arder!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

- (e)ternamente


E' sobre o meu olhar fascinado, colado a' linha cúmplice, fina e azul no berço dos teus olhos, que me perco pela frescura da onda nas asas do tempo. E por perder a noção de tempo ganho noção da vida. Agora sei que dizer que não te quero, não me faz não te querer. E sei que a vida não corre , ligeira e veloz, ao compasso do vento, passa antes, ante , com medo de despertar de novo a minha ânsia de voar. De te amar. Mesmo eu sabendo que te amar agora seria como pegar na linha da vida e fazer um novelo. E apesar de tudo persiste em mim a tentação de o fazer, pois tu sabes por o meu coração a bater daquele jeito, a bombear doce e quente amor para todos os cantos e recantos do meu corpo, fazer arrepiar a minha alma, e colorir os meus lábios de desejo do teu beijo. Pois tu deixas os beijos a correr soltos pela minha pele, dessa maneira, e a tua boca tem esse gosto, de pecado. E por outro lado fica-me também a certeza que sabes que eu sei de cor os trilhos que os meus dedos descobriram no teu corpo, caminho que tantas vezes percorri na pressa de chegar a ti. E chegando agora a hora de responder as tuas perguntas, me ocorre dizer-te que me arrependo tanto de te amar como no horizonte o céu se arrepende de beijar o mar, se arrepende de faze-lo todos os dias, eternamente, sem cessar. Haverá sentido na necessidade de dizer mais alguma coisa? Algo para alem daquilo que tu saberás perceber, e sentir, como eu percebi-senti. Aqui vai a ultima coisa que tenho de te dizer, a ultima que resta ser dita:
Queres dividir uma vida comigo?
Não precisas de responder, afinal o que quero de ti não e' a resposta, e' apenas a certeza que mesmo agora que não estamos juntos, iras pensar nisso, em como foi quando(...), em como seria se(...), em como vai ser na altura certa! Conheço-te o suficiente para saber o que pensas agora, e por isso meu amor de tantos horas - de tantos beijos, de tantos segredos...



Não me dês uma boa mentira...



Da'-me uma ma' verdade.