sexta-feira, 24 de setembro de 2010

sweet voice, green eyes


Olho-te e bebo o encanto pelas tuas palavras. Vejo o meu reflexo nos teus olhos, e sorrio por me saberes de cor.
Paro todos os relógios e desinvento o tempo para esquecer o futuro e ocultar a despedida. E enquanto me dou á loucura perdida na musica dos abraços, sou feita de vento. Voo leve pela tua pele, livre de ser e sentir.
Livre de ir e não voltar.
E mesmo que vá para longe ate me deter numa ultima brisa acabo por morrer nos teus lábios, mergulhada nas recordações de todos os suspiros da tua boca, afundada em todas as saudades de uma outra verdade. E vai ser sempre assim…
Pois cada vez que a noite me lembrar quem sou… sou tua, sem nunca ser.
E cada vez que a vida me vier acordar deste sonho, fui tua...
...sem nunca ter sido.

terça-feira, 10 de agosto de 2010


Adiei ter que escrever isto por saber que depois desta carta seria de vez o fim. Escondi as palavras amontoadas em recantos longe do alcance das minhas mãos. Julguei que se fingisse ser um pesadelo, jamais iria ser verdade e assim não iria acabar. Mas acabou. E desde então que me refugio no amanha por saber que voltas. Mas tu não chegas e o amanha nunca vem. O tempo parou. O coração parou com ele. A pulsação perdeu-se no último suspiro do relógio, e eu cai.
Um dia jurei-te que iria permanecer fixa com raízes eternas no campo de batalha, ate a persistência me render a vitória, mas o chão desfaz-se por baixo dos meus pés, e eu não consigo mais fazer parte dele agora.
Sim tinhas razão. É veneno este fogo que me corre nas veias, são teias estes cabelos que dançam á superfície, quando o meu corpo se afunda neste mar que se torna areia. Sou um deserto agora. Não tenho mais água fresca nas palavras, nem conforto nos meus braços para te oferecer. Transfigurei-me numa miragem demasiado distante para alguém ver. E aos pouco desapareço. Olho ao espelho e só me vejo a mim.
Onde estas tu?
Invisto as minhas mãos para o vazio mas não te encontro. Procuro cravar-te de novo no meu peito… mas és pó. Foges-me por entre os dedos, e turvas o ar a minha volta. E eu choro-te. Choro-te como se chora a partida do verão. Como se chora numa despedida sem últimos abraços, sem últimos beijos, ou sem fotografias no álbum de memorias. Nunca me disses-te o que era para ti, nunca fui a razão das tuas palavras, nem a inspiração das tuas horas. Talvez quem sabe um dia me digas quais as eram as minhas cores e a música dos meus olhos… Mas não agora. Não me interrompas agora. Limpa essas lágrimas e ouve-me ate ao fim.
Hoje escreve-to estas palavras sem voz. Este som mudo que grita algo que não vais mais ouvir, pois não vou voltar a usar-te como tema dos pensamentos que partilho com a escrita. Esta é a última vez que te dei corpo na ilusão das letras. A última de todas as restantes coisas a ser ditas. E vou fazer deste o momento, no instante em que mais uma vez te escondes no mundo para fugir aos meus olhos. Vou agradecer o silêncio com todas as forças que me restam, e vou atravessar a letargia da casa… abro a porta pela qual te imaginei entrar tantas vezes e entrego-me a escuridão que me cega. Ao longe, oiço a pesada capa do nosso velho livro fechar-se para não mais ninguém ler, e abro os braços ao vento que me leva em sementes para outras terras.
Quando as primeiras chuvas vierem eu vou renascer…longe de ti e daquilo que não me deste. Longe das estrelas, longe do mar. Longe de tudo aquilo que foi escrito na lua. Longe da distância, da confusão, da ansiedade. Longe de tudo o que a minha pele pode sentir, ou as minhas mãos tocar. Longe do teu amor….

Mas sempre, desde sempre, para sempre….
Perto da tua saudade.


Encanto vs teimosia : 31 de Agosto de 2009 -Agosto de 2010

terça-feira, 27 de julho de 2010


Há amor, e há O amor. Há pessoas, e há A Pessoa. Há o mundo, e há 'Tu'. Por tantas vezes me perdi entre amores e desamores, entre coisas que tinha presas entre as minhas mãos. Consolidadas numa segurança precária, que no fim sempre perdi.
Mas tu persististe, entre ventos que me arrastavam e arrancavam as raízes que me prendiam ao lugar que julgava ser meu, aquela terra cheia de coisa nenhuma que me alimentava um coração vazio, quando o que eu achava essencial se soltava ao vento, e eu ficava colada na imagem de um vulto a desfazer-se na paisagem.
Foram homens, foram braços que me agarravam á força de ilusões de sonhos divergentes, monocromáticos. Foram olhos e olhares cegos, surdez parcial, inercia de palavras, porque eu não acreditava nas coisas que tão bem sabia. Mas todos eles passaram, feriram, e cicatrizaram, e mais uma vez tu ali.
Não sei ao certo quanto tempo desperdicei a olhar para o minha parede das lamentações, o meu mundinho fechado, o meu ego deprimido vestido de cores escuras. A verdade é que só agora vejo com clareza o chão que piso, só agora vejo que o meu reflexo é a tua sombra, que os meus pés me levem sempre a ti.
Agora vejo e sei que se fechar os olhos e me perder na imensidão da incompreensão, ainda assim vou-te saber de cor.
Se te largar a mão e perder a sensibilidade da pele, ainda assim me lembrarei do teu toque. E se o mundo de súbito se fechar no silencio absoluto, será a tua voz a musica dos meus sentidos. Porque estas em mim para lá daquilo que qualquer outro homem já esteve.
Porque és eu, mais do que aquilo que alguém possa perceber. Porque se me olharem bem fundo és tu que vão ver, um reflexo brilhante e um coração repleto de ti.
Porque o amor não é feito de géneros diferentes, porque a nossa natureza pode ter-nos criado semelhantes, e a sociedade restringir-nos á amizade. Mas nunca fui de seguir as massas.
Então para mim amo-te, no sentido literal da palavra. Amo-te quando estas e quando não estas, ao alcance da minha mão. Amo-te quando cidades nos separam, e quando o tempo nos reúne. Amo-te quando não me contas , mas eu sei. Amo-te quando não o falo, mas adivinhas.
Amo saber que me amas também. Amo saber que sabes que és mais do que os outros te acham. Minha melhor amiga?
Amor da minha vida!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Dreamland


Procuro o fim do raciocinio no arrastar lento de uma cadeira. E enquanto a cinza do cigarro continua a cair no cinzeiro da sala, repousa agora a tua pele de seda sobre a cama.

Pediste-me que nao te deixasse passar o frio da noite na estranha solidão que se apodera das sombras do quarto, quando o meu corpo não é o teu colchão.
E eu fiquei.
Docemente pousei os meus labios no lobolo da tua orelha, e sussurrei-te um 'para sempre'. Dormias profundamente, mas ainda assim sorriste, e eu sob o brilho timido da tua plena expressao entreguei-me ao sono, que me envolveu como chamas devastadoras num abraço abrasador, sem queimaduras permanentes.
Aconcheguei-me no nosso sonho, e ali fiquei, pelas longas horas da ausencia da claridade pelas persianas da janela.


O dia nasce, finda o meu sono de sonhos brandos e calmos. Procuro a minha roupa espalhada pela casa, e visto-a como quem poe uma corda ao pescoço. A vida la fora chama-me como uma estridente campainha que nao posso nem ignorar nem aceitar. Mas tenho de ir. Permito-me ainda entrar, de saltos presos nos dedos da mao, no quarto onde me entreguei á felicidade. Ainda dormias. perguntei-me se quando acordasses nao te convencerias que tudo nao tinha passado de um sonho.
Talvez.

Incendiou-se o desejo do ultimo beijo, chamar por ti. Bastava um sussurro. -'nao me deixes ir'- pensei, mas nao o disse. E assim fui embora.
Atras de mim, como marca da minha presença, ficou um cigarro ardido largado no cinzeiro da sala, e uma cadeira desprevenida arrastada para longe do seu lugar na mesa.

Porque sou o sonho que te visita todas as noites, a ilusão que te envolve em sonos profundos. E porque sempre saberás que mesmo que o dia não me mostre á luz dos teus olhos, a noite me levará a ti, sem que nenhum de nós os dois perceba que é real.

domingo, 20 de junho de 2010

"Historias na face da lua"


O fim chegou certeiro com a flecha do destino. Cravou-se tão fundo em nos que no impacto cruel da verdade perdemos o pé da razão e ficamos a pairar como balões a ficar vazios de si. Tanto foi o tempo em que o amor brilhava que agora me aprece tão pouco quando olho para trás e permito-me vislumbra-lo lá ao fundo, perdido nas paginas que ficaram atrás das que agora estão amarrotadas pela insistência de as fazer passar mais depressa que o movimento da luz. Um amor incomum escondido timidamente num dos capítulos mais expressivos das nossas vidas. Historias escritas na lua, sorrisos cúmplices que viajavam entre nos, por vezes, sim, irreal.
(…)
Porque desgostamos tudo o que o amor nos podia dar. Sensações, emoções. Lágrimas agridoces, que mancharam a pele, que criaram uma outra alma, uma outra forma de haver proximidade na distância, sem a necessidade de pontes a juntar margens, voávamos para os braços um do outro ao mais leve sinal de um pedido. Os nossos corações amaram-se embora os nossos corpos de facto nunca o tenham sentido. Então que importa distribuir culpas como quem da as cartas de um baralho? O fim é um beco de dois sentidos, uma estrada que diverge a partir do centro, que nos leva e direcções opostas, que nos afasta á força de um elástico que nos recolhe ao vazio, que nos separa ao capricho das garras do estar um sem o outro. Mas se a historia acabou, e as datas previstas já não vão chegar, então que o façamos ser rápido e indolor á aparência, sem pretensões de cair no espaço solene do ultimo restante ponto final. Mesmo que as noites escuras nos tragam conforto á ausência que sentimos no peito, e adormecer possa ser apenas a restante maneira de dar vida ao nosso morto amor, deixar-nos-emos sonhar livres e juntos aquilo que condenamos ao fracasso neste dia.
(…)
Vou antes fingir que aceito, fingir que não me importo que o vento te leve, que a agua te molhe a essência e que dilua o sal do mar. Apenas quero que saibas que não te culpo nem de pouco nem de coisa alguma, que não guardo raiva ou rancor, que não vou passar na linha fina do amor-odio para o lado errado da margem, que não vou simplesmente cobrar promessas ou fazer pedidos de futuro. E guardando a ultima réstia de dignidade que assim me sobrou, dizer adeus, sem deixar que os meus braços pendam inertes ao foco dos teus olhos, e deixar que assim vire distante a real distancia dos kms que nos separam, dos palmos de estradas que nos afastam, mesmo que estejam ligadas entre si. E vou agora, sem tantas mais coisas impossíveis de mostrar aos olhos ou de expor as palavras, sem tantas datas de uma vida planeada á luz de um momento fugaz de conto de fada.
31 de Agosto de 2009. 14 de Setembro de 2009. 18 de Junho de 2010.18 de Julho de 2010. 14 de Setembro de 2010… 14 de Maio de 2011. Passado. Presente. Futuro. E nunca vou esquecer que me amas-te...
...um dia

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Supernova

' Uma supernova possui todos os elementos da tabela periódica, consequentemente tanto pode extinguir, como gerar vida'


A lua eclipsou-se no céu. O mar garganteia engolir quem se acercar do seu âmago. A areia bate-me na cara com o alento do vento que sei ser o bater das asas de uma borboleta. Decai uma gota de água absorta sobre o meu olho esquerdo, pende-me das pestanas para o rosto, como uma lágrima do céu. Dizem que esta noite vai chover. Não me importo.
Deito-me na areia húmida como se o frio não me arrepiasse a pele, e penso. Não teria a vida mais sentido se contabilizássemos o tempo por sorrisos? Se 60 sorrisos formassem uma hora. Preferia chegar ao fim da vida depois de horas no cronometro da felicidade, do que anos a conta-gotas na busca de um de conhecimento que nos eleve o espírito e nos converta em algo mais para alem de reprodutores biológicos.
E fosse amor só um piscar de olhos, uma permuta de olhares que se prendesse num só segundo, também num sorriso, sem mais teatros que lhe dispusessem a antever entraves mesmo antes de os lábios fazerem tenções de se rasgar em alegria. E fingindo que os sonhos de infância não procuravam em vão a meta do ‘quando eu for grande’, por não haver realização na idade adulta, e ficar assim a sonhar sonhos de palmo com desfecho para breve. Pelo menos assim seria mais fácil para mim lutar contra o cansaço que me tolda a visão e que desfoca a silhueta do mar, mas estrelas esmorecem e escondem-se sob aquele raio forte que aclara o céu e me arrebata as fantasias. Vai amanhecer, e eu por fim adormeço.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

it's all about love. it's all about you.

Acreditei e olhei para lá da barreira, ousei e paguei o preço. Para ser livre do mundo, sou escrava voluntária do nosso amor. E agradeço todos os dias sê-lo, por te sentir sem esforçar, apenas sendo inerente á sobrevivência, á minha singular forma de sanidade mental.
Tornou-se carência de rasar as raias da loucura e sendo o amor um sentimento que consigo traz um turbilhão, é um desassossego constante, um pensamento permanente sob a forma do teu beijo. E aquando do passar dos dias, nasce um desejo maior de aumentar a tua presença, uma insana vontade de perceber que cores e formas se desenha o teu ser. Quais os sonhos que nascem nos teus olhos quando me vês, e quando me sentes, quais os mundos paralelos que descobres naquele toque, sob a forma das sensações que inventei para ti. Dou asas agora a um futuro para nos, dou uma imagem as palavras que ouvi da tua boca. Dou vida tambem as juras que se juram a si próprias apenas por serem cada uma delas senhoras de si, e que sem pedirem para existir coexistem, quer nos inesperados momentos mágicos que a noite me traz sob a forma de sonhos, ou quer sobre o simples gesto do pousar da minha mão, no futuro abrigo, porto-seguro onde repousara o nosso amor, onde se alimentara de nos, e dará finalmente um presente aquilo que me ensinas-te a desejar para o futuro, e a que há tanto tempo desejamos.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Encanto...

Este é especialmente para ti - para nós e sobre nós- lê, da-me a mão e fala-me ao coração:

"Olho para tudo e tudo me faz chorar
Deixas-me muda ja não posso mais falar
Sei que estás confuso mas isso é normal
Para mim és uma musa, alguém muito especial
Já não te vejo à um dia, para mim pareceu-me um mês
Já te disse o que sentia agora é a tua vez
Deixa-me voar, quero sair daqui, quero estar noutro lugar
Queria ter-te só a ti
Em ti estou segura, onde daqui nao vou sair
Nem que atravesse o muro com o risco de cair
Não me largues mais, eu não te quero perder
Tens de voltar ao cais, que eu sem ti não sei viver
Já senti a planitude, não importa o que tinha feito
Eras a minha virtude, nunca foste o meu defeito
Digo-te o que sinto não pareces entender
É verdade eu não minto tenho mesmo que te ver
Leva-me contigo na palma da tua mão
Que eu já não consigo pisar mais este chão
Leva-me para longe, que eu não consigo andar
Quero estar contigo, o teu mundo é o meu lugar
Acabaram-se as palavras que saiam de ti
Estivesses onde estavas eu sentia-te em mim
Abraça-me uma vez e outra a seguir
Abraços ja são três, já te estou a sentir
Não te quero enganar, sentia-me tão bem
Quero-te olhar, eu sem ti não sou ninguém
Podes prender-me em ti, podes voltar a gostar
Diz-me o que é que fiz, que eu tento mudar
Não suporto ver-te assim sentes-te culpado
Ponho a culpa em mim acho que foste pressionado
Tenta perceber, não te sintas mal
Tenho que dizer que tudo em ti é especial
Uma página rasgada e arrancada pelo vento
Não penso em mais nada, não me sais do pensamento
Estás em todo lado, nas paredes e no mar
Não quero ficar parado, não te quero largar
Passa a noite e o dia, sem que os sinta passar
Tudo o que eu queria, era o tempo a parar
Ficava sozinho, talvez a pensar demais
Mas talvez é um caminho para atingir os meus ideais"

Since 14 de Agosto de 2009

quarta-feira, 24 de março de 2010

sentir-te assim.

Muitas vezes me perguntei porque continuo aqui. Porque ainda não abri os olhos e optei pelo caminho paralelo do esquecimento. As vezes não sei mesmo porque o faço, ou continuo a fazer em todas a manhas em que olho indefinidamente para o telemóvel e espero por uma mensagem tua. Por um bom dia tão igual a tantos outros, mas que me marca a diferença pela ansiedade da espera. E espero eu, porções de tempo a que chamam dias, e procuro um sentido para dar freio ao desejo de um encontro com sabores e contornos do impossível. Muitas vezes não o encontro, ou simplesmente não o quero procurar, por já me pesar o esforço de sentir o que sinto, as vezes dar e não receber, sendo o amor não uma moeda de troca , mas uma partilha de sensações, por vezes dormentes, por outras tantas vezes perdidas lá pelos recantos do coração, presas nas caixas dos sonhos que tantas vezes não nos correm na direcção das vontades.
Mas quando procuras bem fundo em ti, talvez pela mesma razão que eu, e encontras o sentimento que julgavas ter perdido, aquele que te faz dar boca ao amor e jurar que as quatro paredes se tornam escassas para libertares os tantos sonhos e historias que queres viver comigo, ai abre-se em mim um sorriso, um sorriso que é só teu quando me fazes brilhar daquela maneira que me faz ascender ao céu – ao teu céu – e as palavras nunca nos chegam como força de expressão. Porque sei que te sinto, mesmo quando não me pressinto em mim, porque sei que te vou ver mesmo que feche os olhos á escuridão de um qualquer espaço vazio, porque sei que mesmo que me levem o passado vou-te reconhecer em todos os mau-humores ao acordar, em todos os beijos que te prometi e ainda não dei, por todas as palavras que me dedicas-te e por tantas outras que também eu te dediquei, em todos os sorrisos sinceros, em todos os momentos que me aninhei no teu conforto e chorei, e por tantos e tantos outros rumos, estradas gravadas com murmúrios na minha pele, onde o destino é sempre o mesmo, e todos os caminhos acabam sempre por me levar ate ti.

Porque quando me sinto sozinha e as coisas não fazem sentido penso em ti, e na pessoa que és. Penso naquilo que me fazes ser, e sorrio, sei que vais estar sempre ali. E sei que tambem me sentes assim. E isso sim, faz todo o sentido!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Sim. Sempre!


Trocamos muitas palavras, escrevemos e dedicamos um ao outro, lemos e relemos , pelo menos eu faço-o, e quanto mais vezes o faço mais vezes tenho de fazer. Muitas mais do que o necessário para conseguir sabe-lo de olhos fechados, mas não me importo de despender todo o tempo que a vida me despende a mim a ler a nossa historia, mesmo que já a saiba de cor, letra a letra, faço-o como se fosse a primeira vez. Outra e outra primeira vez. E de todas essas vezes não posso deixar de me voltar a apaixonar por ti em cada linha!
E ele escreveu-me:

“- Amor, que bom! Disse ele, dando-lhe um beijo doce.
- Foi uma noite linda. Amas-me?
- Amo-te.
(…)
E como este, e esta noite, vai ficar tudo em segredo. No meu. No teu. No nosso coração.
Nos segredos dos longos mares. Naquelas ondas. Nas estrelas mais brilhantes. Na areia sem fim.
Tudo o que nos envolve.
O que é Meu.
O que é Teu.
O que é Nosso.
Sempre!”



Sim.sempre!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Razões da Razão


Não tenho a pretensão que penses que sou perfeita. Não tenho sequer a intenção de te vendar os olhos com beijos, e impedir-te de ver os meus defeitos. Não quero que caías pela ilusão das palavras que te escrevo em tantas cartas, que no fim não envio… apenas por não saber que rumo lhes dar. Que o sentido dos meus dedos corre as cegas pelos rios que me correm no corpo, vermelhos, ateados á sede do teu fogo, um novo folgo da respiração embriagada pelos problemas que nos surgem e nos apertam as memorias esmagadas contra o peito inerte, numa qualquer insónia, numa qualquer insígnia de um arrepio na pele. Sentes e não me vês, beijo-te e não te toco, e no entanto, nos tantos e etretantos da conversa sabes-me de cor e de cores sem tom, matriz sem espectro a lentes ópticas, e de aromas a sentimentos, perfumes que descobres as cegas guiado pelo tacto. Corres e ficas, escondes-te e mostras-te nu aos meus olhos, por também Tu não poderes estar sem mim, por também tu sentires os desejos que me levam as horas, pelas mesmas indefinidas estradas onde perdes a conta aos momentos. Quando olho o céu não o olho sozinha, sei numa meia verdade que aos teus olhos acorre o brilho do mesmo espaço vazio onde me procuras nas horas em que não queres adormecer sozinho. Sou parte integrante da tua vida, sou a peça que falta no teu jogo final principalmente agora que o prenúncio da madrugada se anuncia ao toque vibrante dos primeiros orvalhos da manha onde busco eu agora o conforto precário numa fortaleza de lençóis sem dono, onde num último lapso de consciência ainda te dirijo a ultima palavra da noite. Apenas por saber que não te posso esperar pela eternidade, mas que posso faze-lo pela vida inteira!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Kikinhz do mar xz

'Mais um ponto de teimosia para mim'

Se fosses um elemento serias agua. Salgada, inquieta, rebelde liberdade das ondas de um mar só teu. Um mar de agua azul-esverdeada, transparente, dourada sobre raios de sol. E arderias como fogo fundido sob o beijo do astro da manha, liquido de ouro, aguas mornas que beijam areias brancas com amor. Susterias suspiros presos em dois olhos ternos onde moram corais e estrelas-do-mar, eles próprios sentimentos, eles próprios elementos no teu Elemento único de universo maior. Amantes beberiam de ti juras, em taças finas de cristal, que deixariam em meias-noites de pensamentos enterradas na areia sob declarações gravadas por dedos fugidios -com vida própria – que escrevem a alma á voracidade dos olhos no areal. E enquanto os teus cabelos ondulam nas aguas da preia-mar, perco-me eu agora –já fora de horas e enquanto a cidade mergulha também ela nos profundos oceanos dos sonhos – na busca de mais palavras que te descrevam, a ti e a um coração para lá da razão que te faz sempre ter mais uma palavra de conforto para o mundo, de esperança para mim. Que te faz por uma mão invisível sobre a minha e criar magia de me fazer sentir segura, porque quando estas comigo – em sentimento e pensamento – e quando nos abrimos em conversas só nossas, falar de ti é superar a barreira de língua, inventar as palavras escondidas pelo segredo dos deuses, é procurar um cordão umbilical que me prenda as próprias fundações da escrita, e reinventar o seu sentido. E só assim Pedro, quem sabe só assim, poderei saltar um dia de par em par pela hierarquia do tempo e dizer-te um significado, tão desmedido, que ainda nem em mim o vejo integral, apenas talvez o palpite a viajar-me na pele nos instantes em que me secas as lágrimas, lágrimas estas que só tu sabes serem gotas feitas da mesma matéria eterna dessa tua alma salgada. Dessa tua personalidade vítrea. Desse teu sabor, a mar.

domingo, 31 de janeiro de 2010

'Teimosia vs Encanto'


São também de amor as nossas histórias. São também notas sem cor nos dedos que fluem como a noite nas teclas aladas de um piano. São linhas circunflexas que volteiam na trama e descrevem as nossas horas inquietas como forma de amaciar o desejo. São a falta de pontuação em frases que não queremos acabar, parar, travar apenas para traçar a vida de olhares ainda apaixonados quando nos regemos de um presente-passado que não passa. Aliamo-nos pela precariedade de um futuro que nos traz uma mão cheia de dias incertos, dias de amantes distantes, amigos enamorados, ou outra qualquer mistura de sentimentos que nem para nos sabemos explicar. Enquanto se repetem as promessas mudas implícitas nos momentos chaves dos meses que pressentimos, selamos as juras boca á boca com as letras soltas que fogem de frases que nos marcaram, e aqui e ali completam o sentido dos suspiros arrancados pelas saudades eternas do que não pode ser esquecido. E os segredos continuam a permanecer assim, escondidos de todos e de nos, sem nos atrevermos a mergulhar fundo numa morfina capital de tantas lembranças, de tantas outros fins que inventamos para a nossa historia. Seguimos assim, de mãos fragilmente dadas, sem nos pertencermos, sem nos afastar-mos, sem nos darmos mais á neblina que embacia este vidro á prova de bala que nos separa, que nos leva para um longe por vezes tão perto, por vezes tão claro, que pelas mesma vezes parece que parte sobre vontades de um mar que serpenteia quando nele caem lágrimas de mel dourado. E continua assim a viagem de longo curso sem saída, onde os tronos onde nos sentamos sentenciam a nossa queda ou a nossa glória, apenas por termos ousado sentir o inesperado, o que prematuro marcou mais do que anos de história. Sem fim á vista ou algum porto seguro de areias brancas para dar outro sentido á viagem, resta-nos ir ao sabor da maré, enquanto outra estrela não te ofuscar, ou outra paixão não me roubar ao azul do teu céu.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Fim da linha.


O vento não sopra igual. A brisa que me bate na cara faz um contraste com as rajadas tempestuosas que se soltam do céu revolto e fustigam as árvores a minha volta.
Contudo em mim mal chega a fazer ondular o cabelo descuidadamente pousado sobre o ombro esquerdo. Talvez a tempestade esteja em mim.
Talvez o céu seja o reflexo da minha alma atormentada, ou apenas uma projecção do meu estado de espírito.
Também a noite sabe que um final se aproxima, a' velocidade de dois pés vacilantes e dois braços inertes, rendidos.
Não sigo com rumo traçado embora saiba onde ir. Os pensamentos ocorrem-me sobre a forma de memórias a uma velocidade estonteante que me deixa ligeiramente zonza.

Imagens passadas, as mais antigas que a minha mente alcança, balançam-se agora risonhas pelos fios da memória. Brincadeiras de criança, sorrisos de inocência.
Chuvas de cor em terras de encantar. Recordações felizes em tempos fáceis de viver. Agora memorias de outros tempos, não tão distantes, mas que a muito julgava e desejava ter esquecido pelos vales do sofrimento. Apertos no coração.
Dores constantes, perdas povoadas de terrores. Medos escondidos pelo meio dos maus momentos, que se tornavam horas, dias, tempos eternos que insistiam em não passar. Mas que passaram. E lentamente lá se foi vivendo.
As últimas memorias são diferentes. São o presente. Por isso mais dolorosas talvez. são rostos que tanto amo e amei, os bons momentos que passei, a serem me levados pela cortina preta que agora me cobre os olhos. Poucas coisas já justificam este passar de dias martirizante, quando sinto que já não tenho nada de novo a acrescentar ao mundo. Quando me sinto consumida por uma dor que não vem de fora mas vem de mim. Como posso lutar com os mesmos braços que me querem sufocar? Como venço um coração que bate só para me lembrar que vai deixar de bater? Como posso ignorar a desilusão, quando esta em mim? Não posso fugir de quem eu sou e continuar a viver. Viver pelo que? Viver porque sim??
(...) dou o ultimo passo. Sem haver pressas, quero que seja rápido. Tão rápido como cheguei ao mundo. Tão fácil como fechar os olhos e adormecer. Tão fácil como parece o bater das ondas lá em baixo. Talvez se não houver um corpo para chorar eu possa ser para sempre apenas a menina pequenina que todos viram crescer, aquela que tantos abraçaram, a menina sorridente das fotografias, a dos risos e gargalhadas, possa ate deixar saudades talvez. Quem sabe. Eu vou sentir saudades.
Caminho para o vazio. Sinto-me a ser puxada pela liberdade, uma fuga apressada as amarras do mundo. E no segundo que me parece ser o ultimo, vejo o voo de uma gaivota no céu.
Sorrio.
Para mim aquele voo ia ser eterno.



"Porque no fim da linha nada mais importa. Porque o fim é facil. Porque o fim é apenas isso.. o fim"