sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Razões da Razão


Não tenho a pretensão que penses que sou perfeita. Não tenho sequer a intenção de te vendar os olhos com beijos, e impedir-te de ver os meus defeitos. Não quero que caías pela ilusão das palavras que te escrevo em tantas cartas, que no fim não envio… apenas por não saber que rumo lhes dar. Que o sentido dos meus dedos corre as cegas pelos rios que me correm no corpo, vermelhos, ateados á sede do teu fogo, um novo folgo da respiração embriagada pelos problemas que nos surgem e nos apertam as memorias esmagadas contra o peito inerte, numa qualquer insónia, numa qualquer insígnia de um arrepio na pele. Sentes e não me vês, beijo-te e não te toco, e no entanto, nos tantos e etretantos da conversa sabes-me de cor e de cores sem tom, matriz sem espectro a lentes ópticas, e de aromas a sentimentos, perfumes que descobres as cegas guiado pelo tacto. Corres e ficas, escondes-te e mostras-te nu aos meus olhos, por também Tu não poderes estar sem mim, por também tu sentires os desejos que me levam as horas, pelas mesmas indefinidas estradas onde perdes a conta aos momentos. Quando olho o céu não o olho sozinha, sei numa meia verdade que aos teus olhos acorre o brilho do mesmo espaço vazio onde me procuras nas horas em que não queres adormecer sozinho. Sou parte integrante da tua vida, sou a peça que falta no teu jogo final principalmente agora que o prenúncio da madrugada se anuncia ao toque vibrante dos primeiros orvalhos da manha onde busco eu agora o conforto precário numa fortaleza de lençóis sem dono, onde num último lapso de consciência ainda te dirijo a ultima palavra da noite. Apenas por saber que não te posso esperar pela eternidade, mas que posso faze-lo pela vida inteira!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Kikinhz do mar xz

'Mais um ponto de teimosia para mim'

Se fosses um elemento serias agua. Salgada, inquieta, rebelde liberdade das ondas de um mar só teu. Um mar de agua azul-esverdeada, transparente, dourada sobre raios de sol. E arderias como fogo fundido sob o beijo do astro da manha, liquido de ouro, aguas mornas que beijam areias brancas com amor. Susterias suspiros presos em dois olhos ternos onde moram corais e estrelas-do-mar, eles próprios sentimentos, eles próprios elementos no teu Elemento único de universo maior. Amantes beberiam de ti juras, em taças finas de cristal, que deixariam em meias-noites de pensamentos enterradas na areia sob declarações gravadas por dedos fugidios -com vida própria – que escrevem a alma á voracidade dos olhos no areal. E enquanto os teus cabelos ondulam nas aguas da preia-mar, perco-me eu agora –já fora de horas e enquanto a cidade mergulha também ela nos profundos oceanos dos sonhos – na busca de mais palavras que te descrevam, a ti e a um coração para lá da razão que te faz sempre ter mais uma palavra de conforto para o mundo, de esperança para mim. Que te faz por uma mão invisível sobre a minha e criar magia de me fazer sentir segura, porque quando estas comigo – em sentimento e pensamento – e quando nos abrimos em conversas só nossas, falar de ti é superar a barreira de língua, inventar as palavras escondidas pelo segredo dos deuses, é procurar um cordão umbilical que me prenda as próprias fundações da escrita, e reinventar o seu sentido. E só assim Pedro, quem sabe só assim, poderei saltar um dia de par em par pela hierarquia do tempo e dizer-te um significado, tão desmedido, que ainda nem em mim o vejo integral, apenas talvez o palpite a viajar-me na pele nos instantes em que me secas as lágrimas, lágrimas estas que só tu sabes serem gotas feitas da mesma matéria eterna dessa tua alma salgada. Dessa tua personalidade vítrea. Desse teu sabor, a mar.