terça-feira, 25 de agosto de 2009

Em nós...




Talvez ele seja inesquecivel demais para tentar esquecer, talvez a face dele nunca desapareça do meu olhar fechado, e o meu espelho nunca desista de o reflectir no meu sorriso. Talvez ele irá ser por muito tempo a minha inspiração corrente em cada simples frase, em cada simples beijo arrancado a' força, em cada amo-te a' pessoa errada.
E talvez ele sempre seja o motivo maior por detrás de todas as pequenas - grandes- coisas, seja ele quem me fará procurar nos braços de outro o breve e leve traço do aroma dos lábios dele, ou a maciez da cama a' beira mar com vista para a estrela poente, onde o fiz homem, onde me fez mulher.
Talvez seja a ele que eu encontrar, por um acaso da vida, brincadeira frustrante - (ir)relevante - do destino, num qualquer papel amarrotado, num cigarro caído, numa carta sem remetente, num telefonema anónimo, num filme de amor, numa criança que sorri, num céu que chora, num desenho por acabar... e quem sabe se ele não esteja mesmo lá, sempre perto, sempre atento. Talvez seja ele que de vida aos meus pés e que me faça caminhar, que me feche os olhos a noite e me sussurre ao ouvido a tal canção de embalar que nunca esqueci, que me faça abrir espaço pela natureza - pureza - branca da folha, e me faça encantar a linha fina no caminho da caneta, e sendo esta opaca, a torne pensamento. E quando escrevo sobre ele, talvez esteja a sua mão sobre a minha numa união infinita e perfeita em harmonia, uma comunhão de duas almas num sentimento.
Depois disto não teria como negar, mesmo que o quisesse, que ele esta em mim, em cada viagem do ponteiro do relógio...

Mas se por sinuosos caminhos a minha presença perdeu-se do rasto da sombra dele(...)


então ai vejo que não sou eu que estou sem ele

(...)

é ele que esta sem mim!

sábado, 22 de agosto de 2009

Boa noite, amor.


Digo que chegou o fim, perco-me entre tantas folhas que escrevo em nome do passado, digo que findou a esperança, dou a historia por acabada. E no momento em que os ponteiros do relógio apenas passam sob a vontade soberana dos meus dedos e' que percebo que a realidade a que me submeti e' ilusória, apenas vontade de me convencer a mim própria que foi feita a coisa certa. Desenho o fim a preto e branco num qualquer papel que depois esqueço debaixo de tantos outros que falam de ti, e ainda espero pelo nosso final feliz.
Pergunto-me se acreditas de facto que te esqueci, depois das Insanas promessas que choveram desenfreadas dos nossos lábios vermelhos na paixão na sede de mais e mais amor, em noites de copiosas partilhas. Saberás tu que a minha pele insiste em guardar o teu cheiro adocicado, e de cada vez que a lua cresce, de cada vez que ilumina a noite escura de luzes apagadas num quarto de janela aberta, e se mostra la no alto, cheia, completa, ainda me lembro do toque da tua mão, na minha face, nos meus ombros, no meu coração, a mão na mão, peito com peito, lábios sobre lábios. E lembro-me que não existe poesia mais bonita do que um beijo. O nosso beijo.
Sonharás tu que depois de tudo ainda te quero?

Deitei as armas por terra. Rendi-me as evidencias.
Ao que sinto.
A ti.

Boa noite, amor.

sábado, 15 de agosto de 2009

Querido amor...


Querido amor

E' certo que a muito não me perco no meio do que tenho para te dizer. Certo também que os meus dedos não acariciam o papel de carta, há muito tempo, muito mais do que eu previa, queria. Mas a muito tempo que os meus olhos não se abrem em êxtase, com o conteúdo venenoso, dentro do envelope, que traz o teu nome - o teu cheiro. Não tenho lido as tuas cartas. Não que a curiosidade não me corroa o espírito por dentro, num burburinho de me perder no meio das letras... mas sei que e' um ciclo vicioso.
É uma pena de morte perder-me no que tens para me dizer, e temo entrar de novo numa espera auto-destrutiva.
Perdoa-me por não ter saboreado nenhuma das tuas cartas de amor. Mas não sinto a tua presença. E agora ignoro os sinais de que não estas assim tão distante. E mesmo neste momento em que tento por um ponto final na esperança perco-me no caminho, dou por mim a divagar, a dar voltas ao assunto... sem nunca sair do sitio.
De facto não sei sair do sitio. Mas passa agora o tempo... Um dia depois do outro e continuo eu no mesmo paragrafo desta carta.
Não sei que te possa dizer.
Não sei o que te quero dizer.
Queria poder falar-te em como as andorinhas passam a voar sobre a minha varanda, como sol me bate na cara, aquecendo o meu corpo, avivando a minha mente, acalmando os meus medos! Sinto-me viva agora. Sinto algo que perdi em ti, um dia, e que agora encontrei. O amor que te tinha foi o preço.
Mas falar-te do agora, seria cruel, seria um acto de falta de compaixão, que quase posso sentir na alma o que sentes agora. Bem sei que a culpa e' minha. Contudo prefiro não te dar razões ou desculpas, prefiro honrar o passado, sem ter que justificar o presente.
Assim relembro o nosso primeiro beijo. Relembro o passeio a luz da lua. Lembro a nossa primeira zanga e depois a reconciliação. E como foi boa a reconciliação. Lembras-te do nosso primeiro passeio de mãos dadas? lembras-te daquele beijo a' beira do rio? De certo que te lembras tão bem como eu. Tão bem como sempre vou lembrar. Foram pedaços de sonho que vivi contigo. Foste a estrela mais brilhante da minha vida, enquanto brilhaste. Foste muito mais do que eu mereci. Mas esta na hora de seguir em frente.

Não quero terminar com um adeus, assim vou dar-te um ultimo, grande, e verdadeiro:

Amo-te e nunca te esquecerei.

Afinal foste o meu primeiro amor.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Eu-Fantoche


Há dias em que me sinto um fantoche.
Ando de mão em mão, e nunca encontro dono.
Sou submissa ao controle, propicia ao abandono.
Sou controlada pelas vontades de quem não me quer mais do que para brinquedo.
Sou Fantoche-Humano num teatro de marionetas.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ponto Final; Paragrafo;Travessão.


Eufemismos, meias palavras, metáforas... Mensagens codificadas em tantos retratos(abstractos) que escrevo. Camuflo identidades, abafo sentimentos, Dou outro brilho a actos, personalidades, mas os subterfúgios não são meias mentiras... São meias verdades. Corro contra a maré na esperança de ter esperanças, e no meio de tão pouco sentido no que sinto, dou ainda menos sentido ao que escrevo. Não fujo da realidade, fujo da forma com ela acontece. Mas hoje não! Hoje nem há forma de fugir do golpe das tuas palavras. Nem tão pouco há desculpa a ser usada, nem metáfora suficiente grande que esconda o que mesmo dizendo que não me querias fazer... Fizeste sentir.
Não há ilusão para a (des)ilusão.
Então vamos simplificar: Tu não me queres, para que complicar? Para que fazer transbordar os meus olhos, quando não há volta a dar?

Não, a tua resposta.
Nunca mais! A minha decisão.


"So don't bother
I won't die of deception
I promise you won't ever see me cry
Don't feel sorry"
(shakira-Don't Bother)

Todas as historias tem um fim, feliz, ou não.

A nossa acaba aqui.
(Com final feliz? - o tempo o dirá)
E esta é a ultima vez que escrevo sobre ti.

The end!