quinta-feira, 25 de junho de 2009

"Espaços de silencio"




As palavras são mudas quanto o tempo nos sela a boca e cala tudo o que ficou por dizer, que o cruzar de duas vozes numa conversa sincera magoa tanto ou mais que um cruzar de olhares. Palavras frias, indiferentes, ditas por bocas que antes de sede de amor se beijavam, sofregamente, hoje mantém a distancia como persistencia da separação, num esforço egoísta, de não se encontrarem de novo.
E ficam assim as longas conversas onde não se diz nada, onde no silencio se marca o compasso do quase dizia, quase disse, mas nunca de facto o faz. Fica as palavras ensaiadas em frente ao espelho, que depois de ouvir a conjugação silábica na melodia da voz que fala do outro lado, nada diz, por se sentir pequena, cobarde, por se sentir menos capaz, menos feroz, menos consciente do que se quer. E volta assim o silencio, enquanto a mente busca - mesmo que não saibas - desesperadamente por algo que volte a por o mundo a girar de novo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

(des)ilusão!



Ele: Não va's. Não podes ir agora que te encontrei.
Ela: Tenho de ir. Não sou tua.
Ele: Mas e o que vivemos juntos?
Ela: Isso e' nosso.
Ele: Por isso e's minha.
Ela: Por isso não sou tua.
Ele: não te percebo.
Ela: Tenho uma vida no passado.
Ele: Mas eu ofereço-te um futuro!
Ela: Continuo a pertencer ao passado.

Pegou na mala pequena de mão, ajeitou o bordado florido do decote. E foi embora sem olhar para trás.Na entrada da porta ficou ele. olhos húmidos, olhar vago, coração partido. Aos poucos a sua mão direita, ate agora cerrada, abriu-se. No chão caiu o futuro que ele lhe queria dar. entrou em casa e fechou a porta atrás de si. E ali, na soleira da porta de madeira velha envelhecida pelo tempo, ficou o anel com a pedra brilhante, caído no chão, servindo de barreira entre o sonho e a realidade.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Era uma vez...


Tenho tantas palavras a querer me saltar para o ecra do computador, que chego a sentir os dedos a formigar, da vontade do encontro desenfreado com o teclado. Por isso, sabendo que depois seria dificil parar, vou me restringir ao realmente importante e necessario:


-Nem sei dizer com exactidao a data, e no entanto a vida tem destas coisas. Era meia-noite e meia de uma noite sem lua, onde so os candeeiros antigos iluminavam a rua escura. Dentro do bar abafado as pernas ja me pesavam,tanto dos efeitos do concerto como do alcool que ja acusava. Recebi a mensagem que era o sinal que tinha de ir- embora contra vontade. Quem era a boleia dessa noite? Dois rapazes que eu nao conhecia. Sentei-me no banco de tras junto a uma amiga. seguimos viagem, E a minha atençao seguiu para o rapaz que estava no banco do pendura.Se disse-se que o interesse foi mutuo,estaria a mentir, era mais a atraçao do meu alcool, contra a simpatia indeferente de alguem de quem eu nao sabia mais do que o nome. Nao foi amor á primeira vista. Mas sentir um interesse assim, depois de tanto tempo sem sentir nada, despertou-me a atenção. Entao porque nao? E a tecnologia e' uma coisa fantastica!

(...) As minhas mensagens nao tinham grande feedback, pelo que dei a causa como perdida. Mas ai tudo mudou. Nao sei se foi de mim, nao sei se foi dele, mas o resultado foi o dia 11 de Março de 2009, cerca das tres e meia da tarde, com o rio como painel de fundo. Não e' preciso dizer mais nada.


O fim da história? Nao tem fim, nao por ser eterna no tempo, mas por ser eterna em mim!


Amo-te, e de alguma forma sempre te ...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Fosse...



Fosse tão fácil despir uma alma,
como é despir um corpo.
Fosse tão fácil te-la ali, desnudada, desprovida de protecção. para nos.
Fosse fácil te-la na razão, tocar-lhe, mete-la na palma da mão.
Fosse fácil. Apenas fácil!
Fosse apenas tentação.