quinta-feira, 25 de junho de 2009

"Espaços de silencio"




As palavras são mudas quanto o tempo nos sela a boca e cala tudo o que ficou por dizer, que o cruzar de duas vozes numa conversa sincera magoa tanto ou mais que um cruzar de olhares. Palavras frias, indiferentes, ditas por bocas que antes de sede de amor se beijavam, sofregamente, hoje mantém a distancia como persistencia da separação, num esforço egoísta, de não se encontrarem de novo.
E ficam assim as longas conversas onde não se diz nada, onde no silencio se marca o compasso do quase dizia, quase disse, mas nunca de facto o faz. Fica as palavras ensaiadas em frente ao espelho, que depois de ouvir a conjugação silábica na melodia da voz que fala do outro lado, nada diz, por se sentir pequena, cobarde, por se sentir menos capaz, menos feroz, menos consciente do que se quer. E volta assim o silencio, enquanto a mente busca - mesmo que não saibas - desesperadamente por algo que volte a por o mundo a girar de novo.

1 comentário:

  1. Este texto representa muito o que acontece com muita gente, mas também é só com acontecimentos assim que se aprende...

    beijinhos ****

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