quarta-feira, 1 de julho de 2009

Rua de calçada!

Sentou-se, encolhida num cantinho daquela rua.
Eram todos tão grandes e altivos. Raparigas com vestidos bonitos, floridos, bordados, coloridos. Cabelos arranjados, apanhados em cachos, como uvas, cor de bronze, cor de marfim, cor do sol da madrugada.
Mostravam uma belo piscar de olhos retocado pelo rimel aos rapazes que passavam. E um ligeiro sorriso, discreto, atrevido, em lábios vermelhos cor de pecaminosas maçãs.
Seguiam de braços dados, passo marcado pelo ressoar dos saltos altos na calçada, aroma de perfume francês, que faziam a multidão olhar com encanto e punha a cabeça dos rapazes a' roda.
Olhou com inveja.
Ela era o oposto das nobres damas. Não tinha mais que um vestido cor de lama, e pousado sobre ele, longos cabelos, soltos, despenteados, cor de noite...
Na sua pele não repousavam caros perfumes, e nos seus pés nada mais do que sapatinhos rasos sem brilhos nem encantos.
E ali estava ela, quieta no seu canto, na esperança de se confundir com as pedras sujas da calçada, e assim fugir as mãos que passavam no seu cabelo e lhe diziam " tens coisas melhores que elas". Falsos reconfortos, pois era sempre nelas que o amor poisava e a vida sorria, como o sol sorri as andorinhas no tempo das cerejas.

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