sexta-feira, 23 de julho de 2010

Dreamland


Procuro o fim do raciocinio no arrastar lento de uma cadeira. E enquanto a cinza do cigarro continua a cair no cinzeiro da sala, repousa agora a tua pele de seda sobre a cama.

Pediste-me que nao te deixasse passar o frio da noite na estranha solidão que se apodera das sombras do quarto, quando o meu corpo não é o teu colchão.
E eu fiquei.
Docemente pousei os meus labios no lobolo da tua orelha, e sussurrei-te um 'para sempre'. Dormias profundamente, mas ainda assim sorriste, e eu sob o brilho timido da tua plena expressao entreguei-me ao sono, que me envolveu como chamas devastadoras num abraço abrasador, sem queimaduras permanentes.
Aconcheguei-me no nosso sonho, e ali fiquei, pelas longas horas da ausencia da claridade pelas persianas da janela.


O dia nasce, finda o meu sono de sonhos brandos e calmos. Procuro a minha roupa espalhada pela casa, e visto-a como quem poe uma corda ao pescoço. A vida la fora chama-me como uma estridente campainha que nao posso nem ignorar nem aceitar. Mas tenho de ir. Permito-me ainda entrar, de saltos presos nos dedos da mao, no quarto onde me entreguei á felicidade. Ainda dormias. perguntei-me se quando acordasses nao te convencerias que tudo nao tinha passado de um sonho.
Talvez.

Incendiou-se o desejo do ultimo beijo, chamar por ti. Bastava um sussurro. -'nao me deixes ir'- pensei, mas nao o disse. E assim fui embora.
Atras de mim, como marca da minha presença, ficou um cigarro ardido largado no cinzeiro da sala, e uma cadeira desprevenida arrastada para longe do seu lugar na mesa.

Porque sou o sonho que te visita todas as noites, a ilusão que te envolve em sonos profundos. E porque sempre saberás que mesmo que o dia não me mostre á luz dos teus olhos, a noite me levará a ti, sem que nenhum de nós os dois perceba que é real.

11 comentários:

  1. O prazer é meu em saber que existem pessoas que lêem aquilo que eu escrevo.
    :)

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  2. Este texto por acaso já foi escrito a muito tempo. Obrigada por dizeres que gostas, eu não escrevo para agradar, apenas escrevo aquilo que vivencio segundo temáticas.etc.
    Não estás sozinha, sempre que presizares, tens aqui um amigo (virtual) para te ajudar! :)

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  3. Também eu espero que volte,
    mas o porquê das minhas perguntas sem respostas, é porque o Ele foi embora, sem justificação ou aviso prévio. :'
    mesmo que não receba respostas que me satisfaçam, nem mesmo qualquer tipo de respostas, continuo a perguntar(-me) Porquê? :'x

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  4. Em muitos dos casos, ter um amigo nem que seja virtual, é bom. Mas para isso é presizo perceber se a pessoa do outro lado é verdadeira.
    :)

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  5. Pois, as ditas amizades, que por motivos parvos se quebram! certo?

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  6. Não faz mal e eu respeito a tua vontade.
    Se presizares já sabes.
    :)

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  7. Talvez tenhas toda a razão, talvez as respostas não sejam aquilo que eu necessito essencialmente, mas mesmo assim enquanto não as tenho, acabo por continuar a ter dentro de mim uma parte que sim, quer muito respostas. :'s
    - que simpática, obrigado querida. E como é óbvio também me tens a mim, como uma amiga (virtual) !

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  8. a parte mais complicada não é apenas sorrir.
    Quando estou acompanhada torna-se facil sorrir, como é óbvio sorrir apenas com os lábios, não com o coração, "sorrisos falsos", mas dá.
    Quando estou sozinha e principalmente quando estou no escuro, torna-se dificil dar-me a mim "sorrisos falsos" ou verdadeiros, pois de repente parece que tudo vem, e puumm... caí, destroi-se neste pequeno coraçao e dói.
    Acaba por ser muito mau, é uma dor enorme, mas ao mesmo estranho. Vivemos tanto tempo para um amor, e agora fim? épa, não me mentalizo com a ideia de um "acabou-se".

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  9. Esse tu, é so uma necessidade de te chamar. Talvez os nomes carinhosos que escondemos por tras de tantas outras palavras. Apenas so uma maneira de me dirigir a ti!

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