sexta-feira, 10 de julho de 2009

In the end...


Não o beijou na boca.Deu-lhe antes um leve roçar de lábios.

Era mais fácil assim fazer o que tinha de ser feito, dizer o que tinha de ser dito. Antes que lhe fugisse mais a convicção, disse de um rompante como se corresse contra o tempo:

- Não vou voltar mais a procurar-te. Vou deixar-te para seguires a tua vida. Vou para longe, para onde te possa amar em paz, onde não possa estar contigo, ler as tuas palavras ou ouvir a tua voz. Vou para onde não possas matar, mesmo que aos poucos, o que sinto por ti.

- Sabes bem que não e's capaz.

Envolveu-a num abraço tão intenso que quase a fez desistir daquilo que tão dificilmente prometera. Afastou-se dos braços dele a custo. Tinha o cheiro dele em cada pedaço do seu corpo. Não pensara na possibilidade de se tornar ainda mais difícil, com ele ali, a olhar para ela, sem um pingo de preocupação.

- Vou dar um jeito de o ser.

Olhou-o uma ultima vez. Delineou a linha dos lábios dele com o dedo, sem lhe tocar. Recuou alguns passos. Não conseguiu perceber qual era a expressão do rosto dele e virou-lhe costas. E antes que ela se pudesse arrepender. Antes de o seu passo apreçado levar a sua imagem para la do alcance dos olhos dele. Irrompeu a culpa.

Nele.

Fora tudo culpa dele. Tinha-a como tão certa que nem se deu ao trabalho de a manter feliz ao seu lado. Deitou fora tudo o que mais quis, por pensar já não ser capaz de amar. Por pensar ter-lhe perdido o amor, e só o desejo restar. E só agora vê claramente. Ama-a como da primeira vez em que a viu, num entardecer como aquele. Que agora a leva para longe.

De si.

De vez.

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